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sábado, 9 de junho de 2012

Verdade sobre novos escândalos no Vaticano jamais será revelada, assim como casos do passado


A detenção do mordomo do papa deixou a descoberto uma guerra de poder no Vaticano. O cardeal Bertone enviou para o exílio alguns de seus colaboradores mais queridos. Bento 16 tenta obter uma trégua, mas a luta é encarniçada.
Em foto tirada no dia 23 de maio, o mordomo Paolo Gabriele (na frente) acompanha Bento 16 no Papa Móvel, chegando à praça São Pedro, no Vaticano
Em foto tirada no dia 23 de maio, o mordomo Paolo Gabriele (na frente) acompanha Bento 16 no Papa Móvel, chegando à praça São Pedro, no Vaticano
Nesta história cheia de traição, métodos obscuros, soldados do Altíssimo que lutam pelo poder com armas do demônio, um mordomo ladrão, um papa doente e um banco que usa o nome de Deus em vão, talvez o único homem bom seja o padre George.
George Gänswein é alemão, tem 57 anos, 1,80 metros de altura, corpo atlético, cabelos louros, olhos claros. Há nove anos é o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, e há alguns meses seu único antídoto contra o ar envenenado do Vaticano. Um dia não muito distante, chegou ao seu número de fax - ao qual poucas pessoas têm acesso - uma carta comprometedora dirigida ao papa.
Depois que Bento 16 a lesse, monsenhor Gänswein decidiu guardá-la em seu pequeno escritório situado dentro do apartamento papal. Não convinha que aquela missiva saísse dançando por um Vaticano transformado em campo de batalha. Por isso, quando o padre George a viu publicada em um livro, com dezenas de documentos secretos, soube imediatamente que o traidor, o corvo, a toupeira, tinha de ser alguém muito próximo. Alguém da família.
Assim são chamados intramuros. A família pontifícia. A família do papa. Os habitantes do Apartamento - assim, com A maiúsculo, é como escrevem no Vaticano - no qual Joseph Ratzinger, mais caseiro que seu antecessor, o muito viajante Karol Wojtyla, passa a maior parte do dia. Além do padre George e do outro secretário, o sacerdote maltês Alfred Xuereb, "a família do papa" é composta por quatro laicas consagradas - Carmela, Loredana, Cristina e Rosella -, uma freira que o ajuda nos trabalhos de estudo e escrita, sóror Birgit Wansing, e um assistente de câmara, Paolo Gabriele, seu fiel Paoletto, o primeiro que há seis anos lhe dá bom-dia, o ajuda a vestir-se e a celebrar a missa, o acompanha em todas as audiências públicas e privadas, lhe serve o café da manhã, o vinho nas refeições e a infusão da tarde, o acompanha em seus passeios pelo jardim do terraço e, ao cair da noite, o ajuda a despir-se e ir para a cama.
Pablo Ordaz e Lola Galán
Do El País

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