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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Prouni Tem 9.311 Bolsas


O Fantástico descobriu casos de alunos que preenchiam os requisitos para ganhar uma bolsa integral, mas foram recusados. Por que será?

Roberto é o orgulho da família. Sempre estudou em escola pública e com ótimas notas.

"Nunca me deu trabalho. Sempre foi bom aluno", elogia a mãe de Roberto, Marina Paranhos de Melo.

Ele mora com a mãe e o irmão, em Pedregulho, 15 mil habitantes. Este mês, fez as malas e viajou 440 quilômetros até a capital, para fazer direito na PUC.

"Pensei que não ia voltar tão cedo. Até falei para minha mãe, volto só em julho, sei lá quando", conta Roberto Paranhos de Melo, de 17 anos.

Como não poderia pagar a mensalidade de R$ 1 mil, Roberto, de 17 anos, se inscreveu no ProUni, o Programa Federal de Bolsas para Estudantes Carentes. No Enem, conseguiu nota para entrar na PUC.

“Foi a melhor da escola: 672,8. A gente acreditava muito nele", lembra a ex-professora de Roberto, Marilu Dutra de Faria.

Mas, em São Paulo, a decepção. A PUC negou a bolsa. O motivo da recusa da bolsa do ProUni: não apresentou os dados do pai.

"Eu não sabia que tinha que apresentar os dados do meu pai, ninguém me informou. Vi no site do MEC que era pra levar os documentos das pessoas que contribuem financeiramente na casa. Ou seja, minha mãe e meu irmão. Meu pai é separado da minha mãe faz mais de dez anos. Ele não contribui", aponta Roberto.

A mãe ganha, líquidos, R$ 225, em uma fábrica de sapatos. “Se ele não conseguir, eu nem sei o que será”, fala a mãe.

Para ter uma bolsa integral do ProUni, o ponto principal é comprovar que a renda familiar, por pessoa, não passa de 1,5 salário mínimo – R$ 765. 
Mogi das Cruzes, São Paulo. A estudante, de 20 anos, perdeu a bolsa para medicina na PUC de São Paulo, mensalidade de R$ 3,5 mil. Ela prefere não mostrar o rosto. Acha que foi vítima de uma espécie de preconceito ao contrário.

"Eles não querem simplesmente que o aluno bata a renda, eles querem que o aluno seja miserável", diz.

O pai dela mora no Japão há oito anos. Sustenta a família, no Brasil, com R$ 2,2 mil por mês. O valor está na faixa do ProUni. Mas a universidade alegou que as despesas da família eram incompatíveis com a renda declarada. É que os dois irmãos gastam R$ 500 cada para estudar em escola particular.

“Para a gente gastar esse dinheiro com educação, a gente não gasta com TV a cabo, com plano de saúde, com carro, com aluguel, com nada”, justifica a estudante.

Magé, Baixada Fluminense, um estudante de 31 anos também reclama de injustiça. Ele está desempregado e mora com a avó. Tentou vaga em engenharia de produção na Unifeso, em Teresópolis. Mensalidade: R$ 795. Ele diz que, na hora de pedir a bolsa, se confundiu.

“Coloquei a renda que era da minha avó no meu nome e chegando na faculdade eu fui comprovar a renda, estava trocado. Mesmo invertida, minha renda continuava abaixo do limite de um salário mínimo e meio”.

O estudante apresentou, então, o recibo do salário de aposentada da avó: R$ 510 e também um comprovante em que ele afirma ganhar R$ 300 por mês consertando computadores. A regra do ProUni permite essa reapresentação de documentos. O estudante argumentou com a funcionária, mas "ela disse que eu não tinha sido aprovado". Ele procurou a defensoria pública e o caso está agora na Justiça Federal.

"Até sair a decisão do juiz eu nem sei. Ainda estou muito frustrado", reclama o aluno que não quis se identificar.

A Unifeso informou que não concedeu a bolsa por divergência de informações entre o formulário de inscrição, a entrevista do candidato e a documentação.

No ano passado, o Tribunal de Contas da União apontou que alguns beneficiados pelo ProUni tinham carros de luxo e renda familiar de até R$ 100 mil por ano. Essas bolsas foram canceladas.

"Se no passado houve certa frouxidão nos procedimentos, nós não podemos cometer agora o erro simétrico, que é excluir aquele aluno de escola pública, que tirou nota boa no Enem, que tem direito à bolsa, por uma falha documental qualquer ou por falta de tempo", diz o ministro da Educação Fernando Haddad.

Sobre a estudante de Mogi das Cruzes que tentou medicina, mas não ganhou a bolsa, a PUC disse que o perfil da candidata não se encaixa no programa e que não cabe revisão. Mas, para Roberto, surgiu uma novidade de última hora...

Depois que o Fantástico procurou a PUC-São Paulo para saber mais detalhes sobre o caso de Roberto, ele foi chamado para reapresentar seus documentos. Ele foi lá de Pedregulho até São Paulo, mais uma vez, seis horas de viagem de ônibus, e agora vai levar os documentos. O Fantástico não pode ir junto, mas ele vai e depois conta para gente o que aconteceu.

“Eles falaram que vão ver e eu tenho que aguardar”, relata Roberto.

“Assim que o MEC me comunicou que eles abririam o sistema para eu rever este caso, nós vamos rever com alegria, com vontade”, aponta a presidente da comissão do ProUni na PUC-SP Célia Forghieri. 

do: Fantastico.globo

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