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sábado, 19 de maio de 2012

"Estamos esperando o próximo nome da lista", diz policial que matou Matemático

Apesar de trabalhar a maior parte do tempo nas alturas, o policial civil Mauro Gonçalves, um dos atiradores responsáveis pela morte de Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, um dos traficantes mais procurados do Rio, mantém os pés no chão ao falar sobre a operação na favela Vila Aliança, no sábado (12).

— Para mim, o Matemático era apenas mais um. Esse é o nosso trabalho: recebemos as missões e temos que cumprir. Agora estamos esperando o próximo nome da lista.

Aos 48 anos, dos quais 25 no Saer (Serviço Aeropolicial), Mauro admite que, mesmo com toda a experiência, sente medo durante operações de risco.

— Quem disser que não tem medo está mentindo. Eu sinto, mas o importante é saber controlar. O maior prazer no nosso trabalho está no final, quando chegamos em casa e encontramos a família.

Mauro e Ralph Serra, de 36 anos, foram os dois atiradores que trocaram tiros com a quadrilha de Matemático. Eles estão entre os 45 policiais do Saer, que costuma ser coadjuvante nas operações policiais, sempre com a missão de apoio, mas que virou personagem principal na morte de Matemático.

Em uma das paredes da sede do Saer, na Lagoa, zona sul do Rio, há um mapa da área controlada pela quadrilha de Matemático na zona oeste do Rio. Nele são apontados os lugares onde há presença de muitos bandidos armados, imóveis onde o traficante teria se escondido, acessos e rotas de fuga. Essas informações ajudam piloto e tripulação.

Segundo o chefe do Saer, o piloto Adônis Lopes de Oliveira, de 49 anos, os policiais já estavam investigando Matemático há seis meses.

- Estivemos perto de prendê-lo em três ocasiões, mas não tivemos sucesso. Dessa vez, a informação foi muito precisa. Tinhamos certeza de que ele estava ali. Quando nos aproximamos, fomos alvo de muitos tiros de fuzil. Não restou outra saída a não ser revidar. A ideia era prender, mas não tivemos opção. Nesse aspecto, o helicóptero é muito importante; ele desmobiliza os criminosos e tem um efeito psicológico muito grande. Chegamos a ficar a uma distância de 20 m do alvo.

Para o subchefe operacional da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, não havia outra forma de chegar até o Matemático não fosse de helicóptero.

— Aquela região (Vila Aliança e Complexo de Senador Camará) é muito grande, com muitos acessos e rotas de fuga, muitos traficantes fortemente armados, fazendo a contenção. Além disso, à noite, o Matemático não ficava parado, ele circulava o tempo todo. Por terra, seria muito difícil capturá-lo sem causar maiores danos.
O R7 teve acesso com exclusividade a vídeos que mostram os policiais do Saer em treinamentos e operações de combate ao tráfico em comunidades do Rio. Veja:
Aeronave silenciosa
O Saer é subordinado à Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a tropa de elite da Polícia Civil. Dos 45 policiais, 14 são pilotos e 20 são tripulantes. Há ainda observadores e os que cuidam da parte administrativa. Eles contam com três helicópteros: um Huey 2, conhecido como Caveirão voador, e dois modelo esquilo, mais leves, ágeis e silenciosos. Por causa dessas características, um deles foi usado na operação que terminou com a morte de Matemático. O fator surpresa foi decisivo, frisaram os agentes.

Segundo Adônis, a média de operações do Saer é de três por semana. Ele contou que, sempre que se abre um curso de operações aéreas, cerca de cem policiais se inscrevem, mas menos de dez se formam.

— É uma rotina muito difícil, que requer preparo físico e um bom condicionamento psicológico. Também são feitos testes de tiro em um curso que tem duração de 40 dias.

Matemático não foi o primeiro chefe do tráfico a ser morto em confronto com policiais do Saer. Em novembro de 2011, Marcelinho Niterói, braço direito de Fernandinho Beira-Mar, foi baleado em operação na favela Parque União, no Complexo da Maré.
FONTE R7

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