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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Morre No Rio de Janeiro, Dom Eugênio Sales, Aos 91 Anos


O Rio de Janeiro amanhece de luto. Morreu, na noite de segunda-feira (9), o cardeal Dom Eugênio Sales - arcebispo emérito da arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele tinha 91 anos e estava em casa, na residência oficial do Sumaré. O homem do vaticano no Brasil, Dom Eugênio dedicou 69 anos à Igreja Católica.
O Brasil vivia o auge da Ditadura Militar no início dos anos 70. De carro oficial, o cardeal arcebispo do Rio, Dom Eugênio Salles cruzou a cidade para deixar no aeroporto um estudante procurado pelos militares. Fez isso mais de uma vez. Dom Eugênio chegou a abrigar no Palácio São Joaquim, a residência episcopal, padres, intelectuais, operários e estudantes perseguidos pelas ditaduras do Brasil, da Argentina, do Chile, do Uruguai e do Paraguai. Ajudou cerca de 5 mil refugiados políticos.
“Eles estavam contra a lei aqui do Brasil, pela lei do país eu não podia agir. Eles estavam infringindo a legislação, mas como bispo eu tinha o dever”, afirmou em entrevista ao canal Globo News.
O cardeal conservador era um humanista ferrenho, mas sempre combateu, dentro da igreja, as doutrinas de esquerda. Em 1990, recebeu no Rio o cardeal Joseph Ratzinger, secretário-geral do Vaticano.
Junto com o hoje papa Bento XVI, Dom Eugênio participou da reunião que iria desmontar a chamada Teologia da Libertação: 102 bispos de toda a América Latina assinaram um documento jurando obediência ao Vaticano e aos dogmas da Igreja Católica. Foi um passo decisivo para calar o maior defensor da teoria, que pretendia fazer reformas na igreja, o Frei Leonardo Boff.
Dom Eugênio era contrário a qualquer divisão. “Essa divisão é um pouco artificial, progressista e conservadora, que depende não de valores religiosos, depende de outros valores: políticos, valores materiais”, apontou Dom Eugênio.
Eugênio de Araujo Sales nasceu em Acari, no sertão do Seridó, Rio Grande do Norte, em 1920, filho do juiz da cidade.
Aos 16 anos entrou para o seminário, primeiro em Natal, depois em Fortaleza. Em 1943 foi ordenado sacerdote e celebrou sua primeira missa. Em 1968, Dom Eugênio se tornou arcebispo de Salvador. Dom Eugênio foi um dos fundadores, junto com o amigo Dom Helder Câmara, das comunidades eclesiais de base e da campanha da fraternidade.
O atual arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, falou por telefone sobre a atuação de Dom Eugênio. “Foi um homem de igreja, homem que seguiu a Jesus Cristo e que por isso mesmo trabalhou na evangelização, na preocupação com o próximo. Soube estar presente nos vários momentos do Brasil, na questão principalmente dos refugiados, dos perseguidos e ao mesmo tempo teve a sua presença na igreja do Brasil junto ao Vaticano, nas principais decisões”, lembrou Dom Orani Tempesta.
Como cardeal-arcepispo do Rio, de 1971 a 2001, foi o responsável pela criação de pastorais como a das Favelas, do Menor e dos Trabalhadores. Em 2008, lançou o livro "Viver a fé em um mundo a construir", uma coletânea dos artigos que publicou ao longo de sua carreira sobre a fé cristã.
“Assuntos mais diversos sobre o ponto de vista católico, mas sem ofender ninguém. É um trabalho de divulgar a doutrina colocando de uma maneira através de jornais, rádios e televisão também”, explicou Dom Eugênio Sales.
Dom Eugênio participou da eleição e se tornou amigo pessoal de dois papas: João Paulo II e Bento XIV. A João Paulo II aconselhou a não renunciar ao papado, mesmo tendo que enfrentar o peso da idade e da doença.

fonte: Bom Dia Brasil
“Então eu disse a ele: não renuncie”, afirmou.
De Bento XVI recebeu uma carta com uma benção especial, quando completou 90 anos, em novembro de 2010. Em uma entrevista, pouco antes do aniversário, dom Eugênio disse que nada abalou sua fé em Deus.
“Nunca. Eu nunca tive dúvidas. E vivo contente”, contou.

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