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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Eike Batista faz fortuna no morro; conheça os novos ricos das favelas do Rio




Morar em favela não é mais sinônimo de pobreza. Pequenos empreendedores e jovens com ensino superior completo já integram a classe A/B que vive nas comunidades do Rio. É o caso do barbeiro Zé do Carmo, que ficou conhecido como "Eike do Dona Marta". Ele diz que não está bilionário como o empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, mas admite que tem dez imóveis no morro Santa Marta, em Botafogo (zona sul), e que ganha mais de R$ 5.000 por mês cortando cabelos na praça Cantão, na parte baixa do morro.

José do Carmo dos Santos, de 49 anos, não tem ensino médio completo, mas sabe aproveitar oportunidades para engordar o orçamento. O salão já virou área VIP nas festas do bloco carnavalesco Spanta Neném. Uma vez ao mês, ele abre as portas do estabelecimento, à noite, para vender cerveja gelada aos visitantes que acompanham o evento na quadra da escola de samba Mocidade Unida do Santa Marta, a poucos metros dali.

Apesar de saber que faz parte do grupo dos 13% da classe A/B que mora nas favelas cariocas, como revelou pesquisa recente do Data Popular, o Eike do Dona Marta nega que seja rico. Ele conta que usa sempre uma peça de roupa amarela, sua cor preferida, para atrair dinheiro.

— Eu não sou rico. Se eu fosse, estaria na praia. Ainda tenho muita coisa para fazer na vida. Preciso cortar muitos cabelos ainda.
O barbeiro, que nasceu no Ceará, começou a trabalhar quando tinha 12 anos. Ele foi entregador, office boy, auxiliar administrativo e chegou a ser gerente da grife francesa Elle Et i. Para ele, essas experiências valeram mais que o investimento em um curso universitário.

— Foram anos de luta. Consegui tudo o que eu tenho sem ter feito faculdade. Acho que foi visão, bagagem que a vida me deu.

A mulher do Eike do Dona Marta já foi chamada de Luma de Oliveira (ex-mulher de Eike) nas ruas da comunidade. Mônica Mourão Peres, de 42 anos, e o marido levam a brincadeira numa boa, mas preferem não revelar a renda mensal total da família para evitar “olho grande”.
Depois que alugou um dos imóveis para a gravação do filme americano Velozes & Furiosos, em 2010, aumentou a procura por entrevistas. Zé do Carmo chega a cobrar R$ 500 por duas horas de bate-papo.
Segundo o economista Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a nova classe média brasileira tem renda mensal entre R$ 1.200 e R$ 4.200. Quem ganha a partir de R$ 4.300 pertence a classe A/B, integrada pelo barbeiro Zé do Carmo e alguns dos seus vizinhos.

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