Famílias de vítimas reconstroem a vida cinco anos após acidente da TAM
Ana e Dario perderam a filha na tragédia, mas decidiram ser pais de novo.
Parentes das vítimas do voo JJ3054 contam histórias de superação.
roberta Lemes Do G1 RS
Todos enfrentaram momentos de desalento e extremo sofrimento, especialmente nos primeiros meses após o trágico acidente com a aeronave que saiu de Porto Alegre e explodiu no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mas buscaram forças para seguir em frente. Para eles, não há segredos para reencontrar a alegria de viver. Não são propriamente histórias com final feliz, porque nada será esquecido ou encerrado, mas são lições de recomeço.
Construindo novas memórias
(Foto: Arquivo Pessoal)
De fato, pouco tempo se passou entre o momento simbólico e o nascimento dos gêmeos Tomas e Anna, hoje com 1 ano e 10 meses. "Voltamos a ter um futuro", conta Ana Sílvia, que aos 53 anos passou por um processo de fertilização. "Se na época do acidente alguém dissesse que em 5 anos a minha vida estaria como está hoje, eu não acreditaria. Eu não tinha perspectiva nenhuma", recorda.
Dario, 48, lembra emocionado que Thaís sempre pedia irmãos. "Ela dizia que queria ser 'tia', mas nunca esteve nos nossos planos. Tudo mudou depois da tragédia", lembra ele. "Filhos são como um banco de amor, no qual você vai depositando todo seu sentimento. Quando lhe tiram isso, o mundo desaba. Estamos tendo uma nova chance, fomos abençoados."
Agora, entre os quadros espalhados pela casa dos Scott, as fotos de Thaís se misturam às dos pequenos, para que eles conheçam a história da irmã mais velha. "O que vivemos com a nossa filha foi maravilhoso e nunca será esquecido, mas não a teremos de volta. Foi preciso se desprender daquela vida e começar a construir novas memórias", avalia Ana Sílvia.
Sem deixar a peteca cair
vencer câncer de mama (Foto: Roberta Lemes/G1)
"Quando recebi o resultado, após fazer exames de rotina, me recusei a aceitar, dizia que não era meu, que tinham se enganado. Eu estava muito revoltada", relembra. Na ocasião, ainda extremamente fragilizada pela perda do homem com o qual foi casada durante três décadas, ela se entregou à tristeza profunda. "Chorei durante muito tempo e quando cheguei ao fundo do poço, decidi que precisava subir de volta. Pela memória do marido incrível que eu tive e pelas nossas filhas", diz ela que é mãe de Renata e Fernanda, de 20 e 22 anos.
Joice ainda precisa ir regularmente ao médico e tomar alguns remédios, mas a pior parte do tratamento contra a doença já passou. "Não vou desistir. Meu marido sempre dizia que me admirava por nunca deixar a peteca cair, então não posso decepcioná-lo. Sei que ele está em um bom lugar olhando por nós."
Dor e alegria na mesma medida
para a família Machado (Foto: Roberta Lemes/G1)
Para ela, que sempre foi muito próxima da sogra, e para Renato, o nascimento de Thomas foi fundamental no processo de superação da perda. "Eu via a dor e a alegria do meu marido e dividia com ele aqueles sentimentos contraditórios. Isso nos uniu ainda mais, o que foi importante para passarmos pelo período mais crítico. A pessoa nunca sabe a força que tem até que acontece uma coisa dessas e a gente tem que seguir em frente."
fonte: g1.globo.com
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