Durante a faculdade, Bel, como prefere ser chamada, chegou a cursar até 13 disciplinas por semestre. Ao final de quatro anos, ela já tinha quatro diplomas: engenharia elétrica, ciências da computação, administração e economia.
— No MIT, conforme o estudante cursa algumas disciplinas, ele vai recebendo titulações equivalentes a um diploma. Não significa que eu tenha feito quatro vezes a faculdade. Eu estudava muito e com isso consegui todos os certificados nesses quatro anos.
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Neste período, a jovem conseguiu ainda estagiar em empresas como o Google e a Microsoft.
— Não era fácil, eram vagas para alunos dos últimos anos. Mas logo no primeiro ano eu corri atrás, insisti muito e consegui a oportunidade.
Bel garante que só conseguiu tudo isso ainda tão jovem porque insistiu em seus sonhos e nunca desistiu de crescer. Nascida no bairro da Aclimação, na cidade de São Paulo, a jovem se dedicou aos estudos e conseguiu bolsas em escolas particulares.
— Minha família não é rica. Eu nunca estudei em colégio bilíngue ou fiz longos cursos de inglês, nem nada que pudesse indicar que um dia eu iria parar no MIT. Quando um amigo falou sobre o instituto, vi que era aquilo que queria para mim. Parecia incrível estudar lá.
Cara de pau
Para estudar na maioria das universidades americanas, incluindo o MIT, é preciso passar um longo processo seletivo.
Além de fazer as provas do vestibular americano, chamado SAT (Scholastic Assessment Test), e mostrar fluência em provas que medem o nível inglês, o estudante que quer ir para o instituto no Vale do Silício precisa ser aprovado por um ex-aluno de lá. É esse veterano que avalia se o perfil do aluno combina com a instituição.
O problema é que Bel descobriu que precisaria passar por todas essas etapas pouco mais de dez dias antes de encerrar todo o processo de seleção para o próximo ano. Se perdesse essa chance, teria que esperar mais um semestre ou até um ano.
— Não queria esperar. E foi nessa hora que minha cara de pau me ajudou muito. O prazo para ser entrevistado pelo ex-aluno já tinha acabado, mas com a ajuda de um amigo eu consegui o endereço de um selecionador. Estava com medo, mas coloquei tudo o que tinha feito na vida em uma caixa de papelão e bati na porta dele. Mesmo sem ter entrevista marcada, o veterano aceitou conversar com Bel.
— Foi tudo aos trancos e barrancos. Eu não sabia inglês, só tinha o básico, mas isso não me impediu de mostrar força de vontade, o que no MIT vale mais do que qualquer coisa. Acho que a gente tem que pensar que não custa tentar, afinal, o não a gente sempre tem.
Para transformar essa negativa em um sim, Bel ainda precisaria passar nas próximas etapas. E no dia da prova do SAT, ela contou com a sorte.
— Quando eu cheguei, a sala já estava cheia. Quase me expulsaram, mas eu implorei e me deixaram ficar para o caso de aparecer um lugar vazio. Eu já não aguentava mais de ansiedade quando me disseram que alguém tinha faltado e que eu poderia fazer a prova.
Passado um tempo, ela recebeu a tão esperada carta de aprovação no MIT.
— Chorei muito. Foi quando percebi que aparecer na casa daquele veterano com a vida e o coração nas mãos valeu mais do que qualquer prova.
Aplicativos e livro
Depois de formada, Bel investiu de vez na área de tecnologia. Com amigos desenvolveu alguns aplicativos, como o gerenciador de tarefas domésticas Tisk-Task e foi pegando gosto pelo tema.
— Mas ainda queria aprender mais. Por isso tranquei o mestrado e decidi investir em uma empresa própria.
Seu trabalho mais recente, já em sua própria empresa, foi o aplicativo Lemon, que pode ser baixado gratuitamente e ajuda a organizar as finanças pessoais.
Bel ainda arrumou tempo para escrever o livro A Menina do Vale (disponível de graça na internet e escrito em português), onde dá dicas de empreendedorismo. Em linguagem acessível, ela conta trajetória de pessoas de sucesso e dá dicas para quem está traçando o futuro, mas tem medo de não alcançar um sonho.
Ela conta que já teve esse sentimento, mas que nunca deixou de buscar o que queria. Em A Menina do Vale, Bel afirma que “o que importa é entender que, às vezes, nem tudo sairá como você espera e é preciso estar sempre pronto para aprender e tentar novamente”.
FONTE Bianca Bibiano, do R7
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